Lluís Comeron falava na mesa-redonda que juntou arquitetos portugueses com obras expostas na “Overlappings, seis estúdios de arquitetura portugueses”, a mostra que fica até ao dia 11 no espaço Picasso do COAC.
Já apresentada no Royal Institute of British Architects (RIBA) em Londres, a exposição enquadra-se na semana cultural “Portugal Convida 2010” e foca o trabalho de seis ateliers da nova geração de arquitetos portugueses: Aires Mateus, Bak Gordon, João Favila, Inês Lobo, Paulo David, Ricardo Carvalho + Joana Vilhena.
Os seis ateliers mostram os trabalhos em seis caixas “simples que não são simplistas, e transmitem a condição de partilha entre os autores”, referiu na inauguração da exposição o presidente da Ordem dos Arquitetos, João Rodeia.
Cada caixa exposta explora as motivações que unem os arquitetos que recentemente trabalham em obras públicas como a reconstrução e modernização das escolas públicas.
Formada por maquetas, fotografias, livros e vídeos, a exposição trata temas como o território, a intemporalidade e o significado cultural.
“São as motivações que justificam a nossa atividade como arquitetos”, sublinhou Ricardo Carvalho acrescentando que “não somos decoradores de fachadas. Queremos construir um significado que permaneça no tempo”.
A caixa de Ricardo Carvalho e Joana Vilhena contém dois projetos: a modernização da escola Sebastião da Gama, em Setúbal, e o livro “Processo” com fotografias de Luísa Ferreira sobre o Museu do Design e da Moda em Lisboa.
O programa de reconstrução e modernização das escolas públicas é, para Inês Lobo, “a primeira operação em Portugal em que se intervém em tantos edifícios em simultâneo”, evidenciando que é "feita em tempos muito rápidos e dinheiros muito curtos”. Essa condição "obriga a definir o que é essencial para transformar de forma mais qualificada possível o património que temos".
Inês Lobo tem uma caixa sobre "Reutilização", através da projeção de vídeos sobre a recuperação da antiga fábrica de Évora, atual complexo de Artes e Arquitetura da Universidade, e a reutilização do Núcleo Museológico da Ordem São João de Deus, no Telhal.
A plateia acolheu bem a metáfora de João Favila: "Gosto de pensar que a arquitetura é cozinhar. Ninguém aprende a cozinhar do nada. É preciso tempo, afeto, alquimia, porque são vários materiais usados para dar um bom gosto."
A caixa de Favila mostra o projecto de um hotel na praia do Canal, perto de Aljezur, um lugar "de retiro onde a pessoa se isola e tem uma experiência privilegiada com o território".
Ricardo Bak Gordon relembrou a importância do otimismo na construção. "Aprendi uma lição importante quando estive no Brasil, com poucos recursos pode-se transformar o lugar com uma visão otimista".
O arquitecto mostrou de "forma sistematizada" quatro casas que fez em Leiria, Óbidos, Tavira e Olhão. "A escala da imagem que utilizo permite que o visitante da exposição esteja um bocadinho dentro desta casa" concluiu.
Diário Digital / Lusa